Por trabalhar na Justiça Eleitoral, evito citar nomes de políticos e/ou partidos políticos brasileiros (embora eu pudesse fazê-lo sem problema algum, pois sou um cidadão como outro qualquer: o Código de Ética do TRE/RJ não tem vedação nesse sentido, porque o fato de ser servidor público não retira minha liberdade de expressão).

quarta-feira, 18 de julho de 2012

De Land Rover é fácil; eu quero ver de Fiorino

A imagem exibida ao lado está circulando pela internet. Não há notícia do jornal (jornal fake?) que a veiculou e também não se sabe quem foi o ignorante que separou as sílabas da palavra "brasileira" de forma tão errada. A notícia original, sem deturpações, foi publicada em 2008 no site do UOL, aqui.

Independente disso, o que está escrito na manchete é mentira. Mentira pura e possivelmente má-fé, embora pessoas de boa-fé a venham replicando sem saber o que estão dizendo: não é que "20.821 eleitores conscientes decidiram anular o voto": foi a Justiça que determinou a anulação, pois os dois primeiros colocados tiveram seus registros indeferidos (confira no site do TRE/RJ, em notícia divulgada no dia 04/11/2008, aqui).

Assim sendo, fica claro que a ideia de que se os eleitores anularem mais da metade dos votos a eleição será anulada é lenda: isso só ocorre se a Justiça anular mais da metade dos votos, como aconteceu em Campos (para nossa tristeza) em 2004. É nesse sentido que deve ser interpretado o famoso artigo 224 do Código Eleitoral.

Se na próxima eleição somente 1% dos eleitores de Campos efetivamente votarem, o Prefeito será escolhido dentre essas pessoas, pouco importando se 99% do eleitorado não compareceu ou anulou ou votou em branco...

A Constituição é clara ao determinar que só são contados os votos válidos, ou seja: ausências, votos nulos e votos em branco não entram no cômputo eleitoral e isso é assim desde 1988!!! 

O porquê de hoje em dia alguém ainda propagar essas mentiras só posso creditar à má-fé (repito: falo de quem inventou isso, não de quem compartilhou sem nem saber do que estava falando). Se fosse simples assim, isso já não teria ocorrido centenas de vezes pelo Brasil afora? Se há de fato alguma novidade, teria a cidade citada inventado a pólvora? A notícia acima inventou a roda?

Falar é fácil; quero ver provar.
Postagem sugerida por Leonardo Ferreira, a quem agradeço a confiança.

2 comentários:

  1. Marcelo,

    essa ideia, que para mim sempre foi tida como verdadeira, é sempre cogitada em época de eleição!

    Esta vendo o motivo da insistência de alguns em querer que vc não abandone a blogosfera!!!

    Abração

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    1. Quatro anos depois (kkkk) eu descubro seu comentário e agradeço sua gentileza, grande Raphael!
      Abração!

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Este é um blog de opiniões.
As postagens não são a tradução da verdade: apenas refletem o pensamento do autor. Os escritos podem agradar ou desagradar a quem lê: nem Jesus Cristo agradou a todos...

Eu publico opiniões contrárias à minha, sem problema algum. A não ser que eu o faça expressamente, o fato de liberar um comentário não quer dizer que eu concorde com o escrito: trata-se apenas de respeito à liberdade de expressão, que muito prezo.

Então por gentileza identifique-se, não cite nomes de políticos nem de partidos políticos brasileiros, não ofenda ninguém e não faça acusações sem provas.

OBS: convém lembrar que a Constituição proíbe o anonimato. Assim sendo, não há direito algum para quem comenta sem assinar: eu libero ou não o comentário se achar que devo.