Por trabalhar na Justiça Eleitoral, evito citar nomes de políticos e/ou partidos políticos brasileiros (embora eu pudesse fazê-lo sem problema algum, pois sou um cidadão como outro qualquer: o Código de Ética do TRE/RJ não tem vedação nesse sentido, porque o fato de ser servidor público não retira minha liberdade de expressão).

quinta-feira, 29 de junho de 2017

A chacun son temps: a censura travestida de democracia


Cada coisa tem seu tempo: nesta semana finalmente começaram as exibições do XXI Festival de Cinema de Pernambuco, evento marcado inicialmente para o mês de maio, mas adiado porque muitos dos participantes simplesmente retiraram suas obras do festival, em ato que recebeu na imprensa muito mais cobertura do que o próprio festival...

O motivo alegado foi um tal "direito legítimo de não compactuar com a formação de uma tribuna para o pensamento ultraconservador", já que o festival também exibiria obras que não lhes agradavam: “O Jardim das Aflições” (sobre o filósofo direitista Olavo de Carvalho) e “O plano por trás da história”, sobre o Plano Real.*

Na ocasião uma das produtoras participantes, a Novelo Filmes, justificou sua atitude com o seguinte texto, basicamente o mesmo usado por outros parlapatões para disfarçar a indisfarçável censura:

"A escolha de alguns filmes para esta edição favorece um discurso partidário alinhado à direita conservadora e grupos que compactuaram e financiaram o golpe ao Estado democrático de direito ocorrido no Brasil em 2016. Para nós, isso deixa claro o posicionamento desta edição, ao qual não queremos estar atrelados.

Essa gente simplesmente odeia a democracia. Só invocam a palavra quando querem justificar suas atitudes - muitas vezes as mais bizarras, intolerantes e/ou autoritárias - mas a rejeitam quando outras pessoas ousam discordar delas. Trago a seguir parte do texto "A Musa da Censura", do advogado José Paulo Cavalcanti Filho, publicado no site "Chumbo Gordo" em 22/06/2017:


"Na ditadura militar, caso fosse proibida a exibição de filme sobre um intelectual de esquerda, diriam todos que seria censura. Inclusive esses mesmos cineastas/revolucionários de agora, imagino. Já filme sobre um intelectual conservador, eles protestam. Antes, era censura. Agora, só um gesto democrático. (...) Democracia é algo diferente, senhores. É coisa séria. É a arte de conviver. Inclusive com pessoas que não pensam como a gente. Que não dizem o que gostaríamos de ouvir. Que fazem filmes, quaisquer de que sejam, diferentes do que preferimos ver." 

E, mais uma vez usando a sensatez de Cavalcanti Filho: "e se dizem defensores da democracia... Perdão, senhores, mas vão ter que escolher. Uma coisa ou outra: censores ou democratas."

* O plano econômico que na época foi satanizado pelos "progressistas", mas que acabou com a hiperinflação. Se você tem menos de 30 anos pergunte a seus pais como era comprar um pão de manhã por um preço e à noite o mesmo pão custar mais caro... ou ter que receber o salário e correr para o supermercado para fazer as compras, porque no outro dia os preços já teriam subido...

sábado, 24 de junho de 2017

Mulher-Maravilha: filmaço!

Quem tem três filhos é quase "obrigado" a gostar de super-heróis. Sempre gostei deles, mas a safra de filmes que a atual geração de crianças vem tendo à disposição é excelente e é claro que eles farão parte do imaginário infantil por muito tempo ainda. Melhor assim (na minha época eram quase que exclusivamente gibis).

O filme da Mulher-Maravilha, cuja história foi "vendida" por alguns como sendo de uma heroína que "combate o machismo" (o que deu um certo medo de ver o filme) simplesmente não fala disso e retrata a força da princesa amazona Diana, que não está preocupada em "quebrar tabus", "combater preconceitos", "empoderar a mulher" nem nada assim: ela, que é ingênua e determinada, só quer cumprir a missão de seu povo e combate a guerra, sem ficar dando lição de moral.

Com uma fotografia bem feita, música bem encaixada e um enredo interessante, embora não tenha tanta ação quanto os filmes da Marcel (que já começam na pancadaria... rsrsrsrs), Mulher Maraviha não é sonolento como Batman Vs. Superman: é um filme que vale a pena ser visto - não apenas pela beleza simples e estonteante da protagonista Gal Gadot, muito bem captada pelas lentes da direção - mas pelo conjunto da obra:

Que venha a continuação desse filmaço!

sábado, 10 de junho de 2017

A divina comédia jurídica (mais angustiado que um goleiro na hora do gol)

Uma homenagem ao recentemente falecido Belchior, que em 1978 lançou "A Divina Comédia Humana" (vídeo no fim da postagem):

Estava mais angustiado 
Que um goleiro na hora do gol
Quando o absurdo aconteceu assim 
E o bem perdeu para o mal

Aí um constitucionalista amigo meu 
Disse que desse jeito
O país não vai ser feliz direito,
Porque a Justiça é uma coisa mais profunda
Que uma petição inicial.

Aí um constitucionalista amigo meu 
Disse que desse jeito
O país não vai viver satisfeito,
Porque o Direito é uma coisa mais profunda 
Que um caminhão de provas sem igual.

Deixando a honestidade de lado
Eu quero é ficar colado 
Aos estudos noite e dia
Lendo tudo de novo 
E tentando entender a corrupção,
Que corrompe até o que não deveria 

Eu quero explicar o inexplicável 
Pode ser que eu não consiga:
Viver a divina comédia jurídica
Onde nada é correto

Ora, direis não poder usar as provas...
Certo perdeste o senso!
Eu vos direi, no entanto:
Enquanto houver espaço, corpo, tempo 
E algum modo de dizer "não"
Eu me envergonho.

"Esta é uma obra de ficção, baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."

segunda-feira, 5 de junho de 2017

É preciso dar um 'dane-se' ao politicamente correto!

O texto a seguir não é meu e sim de Marcelo Faria, presidente do Instituto Liberal de São Paulo e foi publicado ontem no site do ILISP:

"Em nome do politicamente correto, ataques terroristas são chamados pela mídia de “explosões que matam”, “vans que atropelam” e “armas que atiram”.

Em nome do politicamente correto, humoristas são perseguidos por deputados que usam o poder estatal para censurar todos aqueles que fazem o nobre trabalho de rir dos políticos.

Em nome do politicamente correto, criam-se movimentos racistas para combater o racismo, movimentos sexistas para combater o sexismo e movimentos fascistas para combater o fascismo.

Em nome do politicamente correto, deve-se poupar uma religião de guerra de críticas para evitar ser islamofóbico.

Em nome do politicamente correto, é preferível morrer como ovelha do que combater o mal de forma armada.

Em nome dos direitos liberais à vida, liberdade e propriedade, só há uma coisa a fazer: dar um f....-se ao politicamente correto e estabelecer o politicamente sincero. 

E os incomodados que se danem."

domingo, 4 de junho de 2017

Trump acerta de novo: "Precisamos parar de ser politicamente corretos"

Após mais um atentado terrorista em Londres  o terceiro em três meses, mais um reivindicado pelos extremistas do Estado Islâmico  o Presidente dos EUA, Donald Trump, soltou mais uma de suas pérolas de Lógica, baseadas na observação do mundo real (não do mundo maravilhoso dos "progressistas")Em texto publicado hoje no Twitter, disse ele (tradução livre):

"Precisamos parar de ser politicamente corretos, e tratar do negócio da segurança das pessoas. Se não ficarmos espertos, só vai piorar. 
Pelo menos 7 mortos e 48 feridos em ataque terrorista, e o prefeito de Londres diz que 'não há razão para se alarmar!'

Em 2015, no texto "Não há almoço grátis: a hipocrisia no caso dos refugiados", abordei a questão dos refugiados, então surgindo para o cenário internacional. Disse na época – e reafirmo:

"Confesso ter dificuldade para entender o porquê de os governos europeus ficarem mais preocupados em não ser chamados (erradamente) de 'xenófobos' nas redes sociais do que em realmente cuidar dos seus povos: países existem, em regra, para agrupar nações, mas a aceitação pura e simples de massas de estrangeiros num determinado território pode fazer um país entrar em colapso, exatamente porque solapa a base da... nação."