Cada coisa tem seu tempo: nesta semana finalmente começaram as exibições do XXI Festival de Cinema de Pernambuco, evento marcado inicialmente para o mês de maio, mas adiado porque muitos dos participantes simplesmente retiraram suas obras do festival, em ato que recebeu na imprensa muito mais cobertura do que o próprio festival...
O motivo alegado foi um tal "direito legítimo de não compactuar com a formação de uma tribuna para o pensamento ultraconservador", já que o festival também exibiria obras que não lhes agradavam: “O Jardim das Aflições” (sobre o filósofo direitista Olavo de Carvalho) e “O plano por trás da história”, sobre o Plano Real.*
Na ocasião uma das produtoras participantes, a Novelo Filmes, justificou sua atitude com o seguinte texto, basicamente o mesmo usado por outros parlapatões para disfarçar a indisfarçável censura:
O motivo alegado foi um tal "direito legítimo de não compactuar com a formação de uma tribuna para o pensamento ultraconservador", já que o festival também exibiria obras que não lhes agradavam: “O Jardim das Aflições” (sobre o filósofo direitista Olavo de Carvalho) e “O plano por trás da história”, sobre o Plano Real.*
Na ocasião uma das produtoras participantes, a Novelo Filmes, justificou sua atitude com o seguinte texto, basicamente o mesmo usado por outros parlapatões para disfarçar a indisfarçável censura:
"A escolha de alguns filmes para esta edição favorece um discurso partidário alinhado à direita conservadora e grupos que compactuaram e financiaram o golpe ao Estado democrático de direito ocorrido no Brasil em 2016. Para nós, isso deixa claro o posicionamento desta edição, ao qual não queremos estar atrelados."
Essa gente simplesmente odeia a democracia. Só invocam a palavra quando querem justificar suas atitudes - muitas vezes as mais bizarras, intolerantes e/ou autoritárias - mas a rejeitam quando outras pessoas ousam discordar delas. Trago a seguir parte do texto "A Musa da Censura", do advogado José Paulo Cavalcanti Filho, publicado no site "Chumbo Gordo" em 22/06/2017:
Essa gente simplesmente odeia a democracia. Só invocam a palavra quando querem justificar suas atitudes - muitas vezes as mais bizarras, intolerantes e/ou autoritárias - mas a rejeitam quando outras pessoas ousam discordar delas. Trago a seguir parte do texto "A Musa da Censura", do advogado José Paulo Cavalcanti Filho, publicado no site "Chumbo Gordo" em 22/06/2017:
"Na ditadura militar, caso fosse proibida a exibição de
filme sobre um intelectual de esquerda, diriam todos que seria censura.
Inclusive esses mesmos cineastas/revolucionários de agora, imagino. Já
filme sobre um intelectual conservador, eles protestam. Antes, era censura.
Agora, só um gesto democrático. (...) Democracia é algo diferente,
senhores. É coisa séria. É a arte de conviver. Inclusive com pessoas que não
pensam como a gente. Que não dizem o que gostaríamos de ouvir. Que fazem
filmes, quaisquer de que sejam, diferentes do que preferimos ver."
E, mais uma vez usando a sensatez de Cavalcanti Filho: "e se dizem defensores da democracia... Perdão, senhores, mas vão ter que escolher. Uma coisa ou outra: censores ou democratas."
* O plano econômico que na época foi satanizado pelos "progressistas", mas que acabou com a hiperinflação. Se você tem menos de 30 anos pergunte a seus pais como era comprar um pão de manhã por um preço e à noite o mesmo pão custar mais caro... ou ter que receber o salário e correr para o supermercado para fazer as compras, porque no outro dia os preços já teriam subido...