1 - Sou contra todas as formas de violência, qualquer que seja a vítima, homem ou mulher.
2 - Para mim o homem que agride uma mulher baseado na ideia absurda de que ser superior a ela é um idiota e merece encontrar um irmão, pai ou outro parente que diga "bate em mim agora: você não é machão?", para largar de ser covarde: lugar de criminoso é na cadeia.
3 - Ensino meus filhos a serem gentis com as mulheres e que "em mulher não se bate nem com uma flor", além de outras regras de boa educação: desde que o mundo é mundo é assim.
4 - A postagem abaixo é séria. Nela indico todos os links que mostram de onde vêm as fontes citadas e de onde tirei as conclusões apresentadas. Por gentileza leia até o fim antes de emitir algum conceito pré-estabelecido a respeito: em momento algum direi que não há violência contra a mulher.
contra as mulheres no Brasil - I
Uma das coisas que muito se ouve falar na mídia e na internet são as já cantadas e decantadas estatísticas que dão conta de que "no Brasil a cada duas horas uma mulher morre vítima de violência doméstica", que "dez mulheres são vítimas de violência a cada hora", ou "a cada hora, dez mulheres são vítimas de maus tratos" e coisas assim.
Sempre suspeitei que fossem dados alarmistas e sem comprovação: será que no mundo em que vivemos isso acontece mesmo desse jeito? Isso reflete a realidade da sociedade brasileira? Ocorre que sem analisar tais dados eu não poderia falar nada, sob pena de ser tão alarmista quanto quem eu achava ser alarmista. Mais adiante mostrarei que os números normalmente divulgados são uma distorção dos números verdadeiros (não posso dizer que por má-fé: talvez seja má compreensão) e vou explicar de onde tirei tal conclusão.
Costumo recorrer à nossa Lei Maior para buscar o significado das coisas, embora saiba que até o Supremo muitas vezes dê a ela a interpretação que melhor lhe couber politicamente (não juridicamente, como deveria ser). No § 8º do artigo 226 da Constituição não está escrito que o Estado deve proteger a mulher do homem e sim que a violência familiar deve ser coibida, venha de onde vier. Vejamos:
"O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações".
Assim, se há uma lei para proteger a mulher, deveria haver uma para proteger o homem ou – o que seria mais simples – uma lei que protegesse a PESSOA de agressões dentro de casa, de onde se espera receber carinho, não violência. Destaque-se o fato de que muitos, inclusive algumas autoridades, têm errada ideia do âmbito de aplicação da Lei Maria da Penha, que só deveria incidir nos casos de violência de gênero, que é aquela baseada na absurda ideia de superioridade de um sexo sobre outro: nem toda vez que um homem agride sua companheira a lei em questão deve ser aplicada... em casos outros como de provocações vindas da mulher ou agressões recíprocas por ela iniciadas, nada de Lei Maria da Penha (mas isso não dá ibope...), devendo ser aplicado apenas o Código Penal, porque não se trata de violência de gênero. Leiamos:
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
Para que ninguém ache que inventei o conceito de violência de gênero, cito a Recomendação Geral 19 do Comitê Cedaw (Comitê da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher) feita em 1992, conforme nota de rodapé na página 17 da Norma Técnica de Padronização das Delegacias Especiais de Atendimento às Mulheres, da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República:
O site da Secretaria de Política para Mulheres mostra as mais variadas pesquisas sobre o universo feminino (veja aqui), mas só uma se refere à violência e, pasme-se, é apenas um levantamento sobre como as pessoas observam a violência contra a mulher (realizada entre 13 e 17 de fevereiro de 2009, retratando "incríveis" cinco dias de informações). Quando se clica para visualizar a pesquisa, rapidamente se conclui que de lá não foi retirado tal dado de "uma morte a cada duas horas".
Parti para o Google: em 08 de março deste ano a revista Exame replicou reportagem da agência Brasil assinada por Paula Laboissière (veja), onde se lia:
"De janeiro a dezembro de 2012, a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) contabilizou 732.468 registros, sendo 88.685 relatos de violência. Isso significa que, a cada hora, dez mulheres foram vítimas de maus tratos ao longo do ano passado.
O que os números mostram é a quantidade de pessoas que relataram tais ocorrências (e não à Polícia, mas a uma central de atendimento por telefone). Assim, não é correto afirmar que "a cada hora, dez mulheres foram vítimas de maus tratos", pois não há qualquer comprovação disso: há uma clara banalização do fato quando se transforma um número relativo em verdade absoluta. Como manchete fica bem chamativa, mas como notícia deixa a desejar.
Vale a pena a correção: "nem toda vez que um homem agrede sua companheira..."
ResponderExcluirParabéns pela postagem.
Já consertei: obrigado!
ExcluirÓtima abordagem, Marcelo Bessa Cabral. Também acredito que deveria existir uma lei que protegesse a PESSOA de agressões não só dentro de casa mas em todo e qualquer lugar. Todos os dias sofremos agressões (homens e mulheres) e não só físicas, mas verbais, gestuais, de abandono etc. Não gosto muito dessa "coisa" de números, acho que às vezes as estatísticas são muito distantes da realidade.
ResponderExcluirAh, se me permite... o fundo musical poderia ser a música Adorável Gado Novo de Zé Ramalho. Que tal?