O Brasil passa hoje por um momento histórico mais delicado do que o visto em 1992, no impeachment de Fernando Collor. O problema atualmente não é só a questão do governante: o que está em risco é a democracia - não pelo impeachment, claro, mas se ele não vier!!! Há tanto para ser dito que fica difícil escrever! Rsrsrsrs... Talvez por tópicos, para a postagem não ficar muito grande...
- Crise: atualmente a crise é não só política, mas principalmente econômica. Também há uma crise ética seríssima em curso no país: como pode o simples fato de alguém democraticamente posicionar-se favoravelmente ao impeachment ser tido como "golpe" ou coisa que o valha? Tamanha fraude exige pouco ou nenhum apreço pela democracia.
- Corrupção: quando a Ciência Política ainda não sabia que era uma ciência e inventou o poder, inventou também a corrupção. Desde que o mundo é mundo é assim. Mas resta uma questão: o fato de que não se trata de novidade não autoriza ninguém a transformar a corrupção num sistema de governo.
- Judiciário: não cabe ao julgador agir como "advogado do diabo" e aconselhar a parte a apresentar recursos, além do mais quando se tratar de chicana jurídica: não existe competência do Judiciário para entrar no mérito do processo de impeachment, pois o fato de que todas as questões podem ser levadas à Justiça não significa que a Justiça possa resolver todas as questões de acordo com os interesses deste ou daquele lado. Afinal de contas, quem quiser reivindicar a propriedade do céu pode recorrer à Justiça, mas ela não terá competência divina para resolver o caso...
- República de Curitiba: o país tem muito a agradecer à seriedade do Juiz Sérgio Moro, dos membros do Ministério Público Federal e dos policiais federais de Curitiba, que tiveram a coragem de bem cumprir suas funções e expor ao país os crimes cometidos contra a nação.
- Vermelho em lugar do verde-e-amarelo: impressiona o fato de que nas manifestações contra o impeachment (os verdadeiros democratas reconhecem que é lícito ser contra!) quase ninguém usa as cores nacionais . Vê-se também muita coisa estranha e que já é do conhecimento de todos, como o fornecimento de pão com mortadela e o pagamento pelo comparecimento (aqui e aqui)... um "sem-terra" que mora em São Paulo estar em Brasília com uma mochila com milhares de reais em dinheiro vivo... ônibus vindos da Bolívia com estrangeiros para participarem de manifestações no dia da votação do impeachment (detalhe: estrangeiros não têm direitos políticos no Brasil, como nós não temos em outros países) . Tudo realmente muito estranho.
- País dividido: o Brasil saiu das últimas eleições dividido, mas não está assim atualmente. A imensa maioria dos brasileiros é formada por gente honesta e essas pessoas são favoráveis ao impeachment. Os demais sabem que estão se colocando a serviço não do país nem da democracia, mas de um projeto de poder, apenas. Ganhar a eleição é da democracia; sofrer impeachment quando se pratica crime de responsabilidade todos os dias também é...
- Risco à democracia: dizer que eventual impedimento do Presidente significa risco à democracia é "papo-de-engana-trouxa", "conversa para boi dormir", "papo furado". É pura mentira se em 1992, apenas 7 anos após a redemocratização, o impeachment do primeiro Presidente eleito em décadas não colocou a democracia em risco, por que motivo haveria risco hoje em dia, passados 32 anos do fim da ditadura??? É preciso ser muito cara-de-pau para dizer isso.
- Petrobrás: dá para acreditar que nossa maior empresa, outrora orgulho nacional, atualmente encontra-se praticamente falida??? A Petrobrás foi posta a serviço de um grupo que a saqueou e usou parte do dinheiro roubado em campanhas eleitorais...
- Dona Maria, a Louca: era rainha de Portugal quando a corte veio para o Brasil, que de tanto praticar sandices foi afastada do cargo, substituída por seu filho João, que governou interinamente como Príncipe Regente (depois tornando-se D. João VI). Concluímos que impeachment de gente doida não é novidade por estas bandas...
O título da postagem foi baseado, na primeira parte, no título de uma música de Zé Ramalho, gravada em 1979; a segunda parte tem por base um dos versos de Raul Seixas na versão "censurada" da canção "Como Vovó Já Dizia", de 1974.