Por trabalhar na Justiça Eleitoral, evito citar nomes de políticos e/ou partidos políticos brasileiros (embora eu pudesse fazê-lo sem problema algum, pois sou um cidadão como outro qualquer: o Código de Ética do TRE/RJ não tem vedação nesse sentido, porque o fato de ser servidor público não retira minha liberdade de expressão).
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terça-feira, 28 de abril de 2020

Como um bumba-meu-boi sem capitão

Bumba-meu-boi
Ao deixar a decisão sobre o que fazer na pandemia nas mãos de 27 governadores e 5.570 prefeitos, o STF não garantiu o combate ao coronavírus: institui o caos jurídico, por ter tirado do governo federal a possibilidade de enfrentar nacionalmente uma questão mundial. Na verdade, para não substituir a vontade do Executivo, o Judiciário liberou os Executivos estaduais e municipais para substituírem. Logicamente, virou um bumba-meu-boi sem capitão, como diria Alceu Valença.

Conforme a cidade ou estado é possível se ver barricada, barreira sanitária*, estradas fechadas, prisão por não usar máscara, por abrir comércio, por sentar no banco da praça ou não impedir que alguém entre num estabelecimento sem máscara (essa é a melhor de todas) ou por caminhar na praia... condenados ganham liberdade... agentes públicos entram nas casas sem autorização... hospitais de campanha são superfaturados com o argumento "calamidade pública"... há até quem pretenda organizar "cadastro das pessoas que são contra a quarentena", para que os médicos não as atendam em caso de doença... Em suma: é uma festa, uma verdadeira pirotecnia jurídica!

A única coisa comum a todos os cantos do país é: quarentena só para quem produz! Comércio, setor de serviços, eventos, indústrias, repartições públicas... nada pode funcionar para "evitar aglomerações", mas a depender do lugar, supermercados, farmácias, oficinas, lojas de água, ração, material de construção e óticas funcionam: lá não tem vírus. Como também não tem nos bailes, filas para receber comida, feiras livres...

O raciocínio é  mais ou menos assim: razoabilidade? Economia? Meio termo??? Bom senso? Não me venham com essas baboseiras! Constituição??? Leis??? Para quê, se temos os decretos??? Dá uma canetada e resolve tudo: sempre citando que foi o STF quem autorizou, todo mundo quer aparecer com as belas frases "saúde em primeiro lugar" e "temos que cuidar das pessoas", mas na hora que a onda da recessão atropelar todos, não serão Municípios nem Estados que resolverão os problemas causados por eles mesmos ao adotarem a quarentena horizontal e não a vertical: todos correrão a pedir dinheiro à União!

Na hora de baixar decreto proibindo uso de máscaras, proibindo moradores de outras cidades de entrar e mandando prender quem estiver na rua os municípios o fazem a jato! Deveria, no mínimo, ser lei, porque os Legislativos estão funcionando. Mas quando é para liberar o funcionamento do comércio, dizem não poder porque "tem que esperar determinação do Estado"; outros querem liberar exatamente para passar por cima do Estado... Eis a ingovernabilidade gerada pela decisão do STF, que eu acusei logo no primeiro momento: o governo federal fica de pés e mãos atados no controle do país! Só lhe é dada a opção de aderir ao discurso da OMS...

Caixa em Campos, 28/04/2020
Por outro lado, as pessoas estão desesperadas pelo auxílio emergencial, pois quem tem emprego não pode trabalhar; quem tinha está perdendo e quem não tinha está passando fome. É por isso que as pessoas se aglomeram nas portas dos bancos: é impossível dizer "fique em casa" para quem nada tem para comer na geladeira! E, como ninguém ousa tentar impedir as pessoas de retirar o dinheiro, na prática é assim: aglomerar para trabalhar não pode; aglomerar para sacar R$ 600,00 pode e ninguém é doido de tentar atrapalhar.


Sugestão: prendam logo todo mundo!!! Que belo exemplo daremos!!! Já que os bandidos estão soltos, quanto mais pessoas de bem presas, maior o isolamento!!! Daremos ao mundo uma lição de combate ao vírus - mas tiraremos nota zero em democracia..

*Na verdade o objetivo é proibir o direito de ir e vir, porque exige comprovante de residência, o que nada tem a ver com o vírus. 

"Como um bumba-meu-boi sem capitão" é um dos versos de
"Na Primeira Manhã", gravada por Alceu Valença em 1980.

sábado, 11 de abril de 2020

Como um conde falando aos passarinhos: ainda temos uma Constituição ou vamos matar o motorneiro e comê-lo com farofa?

Rubem Braga escreveu em sentido figurado algo que demonstra sua genialidade:

"O essencial é falar ao motorneiro. O povo deve falar ao motorneiro. Se o motorneiro se fizer de surdo, o povo deve puxar a aba do paletó do motorneiro. Em geral, nessas circunstâncias, o motorneiro dá um coice. Então o povo deve agarrar o motorneiro, apoderar-se da manivela, colocar o bonde a nove pontos, cortar o motorneiro em pedacinhos e comê-lo com farofa".

Em meados de março de 2020 o coronavírus nos trouxe a "quarentena horizontal" e a confusão social se instalou, evidentemente. Desde 20 de março - em voz quase que isolada - comecei a questionar a necessidade de manutenção do "isolamento social" e a afirmar que a Economia não pode parar: sou leigo, mas posso pensar.

Embora eu tenha sido tachado de várias coisas que não sou, perdido amigos e tido como alguém que "semeia no deserto", essa forma de ver a cada dia é compactuada por mais pessoas, que querem a gradual volta à normalidade.

Na ocasião comecei a pesquisar os aspectos jurídicos da questão e deparei-me com o seguinte quadro: nunca houve ordem para as pessoas ficarem em casa. Há, sim recomendação do Ministério da Saúde, tendo por base a OMS. Sabemos também que não foi decretado estado de defesa pelo Presidente e que há uma lei que trata especificamente da Covid-19, a 13.979/20, que em seu artigo 2º prevê:
I - isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas (...), de outros, de maneira a evitar a contaminação ou a propagação do coronavírus; e
II - quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação das pessoas que não estejam doentes (...), de maneira a evitar a possível contaminação ou a propagação do coronavírus.

Por aí se vê que a Lei do Covid estabelece uma quarentena vertical, dado só a exigir para doentes e suspeitos... mas esse comando normativo tem sido solenemente ignorado por estados e municípios e, pior, com a chancela do Supremo Tribunal.

As questões são: poderiam municípios e estados decretar, na prática, estado de defesa, com o fechamento por prolongado tempo de comércio e demais atividades? Alguém pode ser preso por andar na rua? A competência comum aos entes federados para cuidar da saúde daria margem à sobreposição de quase 6 mil ordens diferentes, dado o número de estados e municípios? O Supremo tem atribuição constitucional para definir políticas públicas e negar à União o direito-dever de cuidar dos interesses nacionais (já que aos estados cabe o interesse regional e aos municípios o interesse local)
Todas as respostas são "NÃO!" Pretendo comentar cada particularidade constitucional e legal do caso em postagens separadas, porque numa só o texto ficaria muito extenso. Temos tempo para isso!

Por enquanto deixo só uma indagação: é producente matarmos o condutor do bonde e comê-lo com farofa?


"Como um conde falando aos passarinhos" é um dos versos de "Na Primeira Manhã", de Alceu Valença, gravada em 1980 e que faz referência ao livro de estreia de Rubem Braga, chamado "O Conde e o Passarinho", lançado em 1936.

domingo, 26 de janeiro de 2020

Um pedacinho pra cada esquema

Fonte: O Globo
Nos últimos tempos vimos inúmeras tentativas patéticas de transformar condenados por corrupção em "presos políticos", mártires, quase santos. Até comparações com Jesus Cristo e Nelson Mandela foram feitas...

Interessante notar que as pessoas que assim agem são as mesmas que criam/apoiam a maior dificuldade atual do país: conseguir se livrar do modus operandi entranhado há décadas no sistema político, onde todo mundo se dá bem e só a República se ferra. Sob o pomposo nome de "articulação" o sistema busca manter tudo como está (status quo) e quem tenta modificar o jogo é satanizado, acusado de ser quase um anticristo. 

Em nome da manutenção dos esquemas vale tudo: imprensa distorce fatos e tenta criar intrigas; ativistas denunciam perseguições que nunca existiram; pessoas que se dizem "juristas" fazem acusações seletivas; membros de ONG's ateiam fogo na floresta para culpar o "capitalismo"; simpatizantes do tal "progressismo" tacham qualquer pessoa que discorde como nazista/fascista, mesmo que o sujeito seja um liberal; militantes mudam a definição de verbetes na Wikipédia, visando disseminar mentiras como se fossem pensamento científico; reputações são assassinadas com o objetivo de denegrir aqueles que querem pôr fim à balbúrdia; Jesus Cristo é atacado num especial de Natal; não sendo possível mudar condenações, muda-se a interpretação sobre o momento da prisão...

Na verdade o que se quer é apenas manter o butim, é não entregar os nacos de poder conquistados à custa do dinheiro do povo... nem que para isso seja preciso usar a democracia para por fim à democracia. Não conseguirão!

* O título da postagem é um dos versos de "Você Partiu meu Coração", música de Nego do Borel lançada em 2017, com a participação de Anitta e Wesley Safadão.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

"Roubado é mais gostoso": o apito amigo de fé

A indecente campanha de parte da arbitragem em favor do time carioca que se vangloria de ganhar roubado não para: não bastassem as já costumeiras reclamações e auxílios externos ("vão consultar a gente de novo!") que sempre fazem os apitadores voltarem atrás nas marcações de pênaltis contra a dita equipe, agora inventaram o impedimento reverso:

É impressionante que uma equipe de arbitragem de série A cometa um erro tão infantil: o árbitro chegou a dar o gol do Corinthians que decretaria a derrota do tal time de massa, mas voltou atrás e anulou um tento onde o impedimento foi de -3,2 m, segundo a ESPN: é o impedimento reverso! A coisa é orquestrada para favorecer o time que tem a simpatia da Rede Globo!

Há poucos dias o Santos FC perdeu a chance de ficar com a vaga na semifinal da Copa do Brasil porque o árbitro - que estava a uns 5 metros da jogada - resolveu, mais de 1 minuto depois, dar ouvidos ao 4º árbitro (que estava a uns 30 metros do lance), sob o argumento de que o ângulo de visão dele era melhor... 

Só esqueceram de combinar isso com o fotógrafo que registrou a cena ao lado, que mostra que a distância do 4º árbitro era grande e que ele estava encoberto. Pergunta: por que motivo ele esperou mais de um minuto para "auxiliar" o árbitro? Por que motivo os erros de arbitragem (ou seus "consertos") sempre beneficiam o time rubro-negro, como no jogo contra o Avaí em Florianópolis?


Como diria Boris Casoy: "Isso é uma vergonha!"

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Homem feminista é 'desmimizado' por mulher machista

A ESPN é um canal que tem perdido muita audiência por causa do "progressismo" de alguns de seus comentaristas (como no caso da Copa 2014: a expressão "elite branca paulistana" que vaiava a então Presidente, foi criada lá). Como tem ocorrido em toda a imprensa, os caras forçam demais a barra para tentar fabricar polêmicas (embora, claro, não abram mão de gordos salários).

Sorte da sociedade é que nem todos se rendem às idiotices politicamente corretas, como no caso abaixo: ao entrevistar Leila Pereira (dona da Crefisa e da Faculdade das Américas, patrocinadoras do Palmeiras), o apresentador João Carlos Albuquerque, o "Canalha" foi dar uma de defensor das mulheres e perguntou como ela conseguiu "superar as barreiras num mundo tão machista". Ela bateu de frente com o mi-mi-mi e disse, "mitando":

"Há duas respostas para essa pergunta. Se você quiser que eu seja politicamente correta eu vou dizer que a mulher é frágil, que é tudo um absurdo etc - o que eu não faço, porque não sou politicamente correta e falo a verdade: eu nunca tive problema por causa disso. Tanto não tive que fui a mulher mais votada (para o Conselho Deliberativo) da história do Palmeiras, uma mulher. Se houvesse qualquer tipo de preconceito eu não teria essa votação."

Tentando emendar, já sem graça por não ter conseguido fazer a entrevistada - mulher forte que é - vitimizar-se, Canalha saiu-se com uma pior ainda:

"- Mas se você fosse pobre você não teria essa votação... (mas também não estaria pleiteando esse cargo, né?)"

E ela dá outro "coice na classe" no politicamente correto:

"- É, exatamente, mas não é isso. Isso é preconceito: se eu não tivesse recursos eu não poderia patrocinar o Palmeiras."

Ele admite a derrota:

"- É... foi uma brincadeira de mau gosto"...

Eu, que já simpatizava com o Palmeiras, agora virei fã do time e do mito Leila Pereira. Veja:

segunda-feira, 5 de junho de 2017

É preciso dar um 'dane-se' ao politicamente correto!

O texto a seguir não é meu e sim de Marcelo Faria, presidente do Instituto Liberal de São Paulo e foi publicado ontem no site do ILISP:

"Em nome do politicamente correto, ataques terroristas são chamados pela mídia de “explosões que matam”, “vans que atropelam” e “armas que atiram”.

Em nome do politicamente correto, humoristas são perseguidos por deputados que usam o poder estatal para censurar todos aqueles que fazem o nobre trabalho de rir dos políticos.

Em nome do politicamente correto, criam-se movimentos racistas para combater o racismo, movimentos sexistas para combater o sexismo e movimentos fascistas para combater o fascismo.

Em nome do politicamente correto, deve-se poupar uma religião de guerra de críticas para evitar ser islamofóbico.

Em nome do politicamente correto, é preferível morrer como ovelha do que combater o mal de forma armada.

Em nome dos direitos liberais à vida, liberdade e propriedade, só há uma coisa a fazer: dar um f....-se ao politicamente correto e estabelecer o politicamente sincero. 

E os incomodados que se danem."

domingo, 4 de junho de 2017

Trump acerta de novo: "Precisamos parar de ser politicamente corretos"

Após mais um atentado terrorista em Londres  o terceiro em três meses, mais um reivindicado pelos extremistas do Estado Islâmico  o Presidente dos EUA, Donald Trump, soltou mais uma de suas pérolas de Lógica, baseadas na observação do mundo real (não do mundo maravilhoso dos "progressistas")Em texto publicado hoje no Twitter, disse ele (tradução livre):

"Precisamos parar de ser politicamente corretos, e tratar do negócio da segurança das pessoas. Se não ficarmos espertos, só vai piorar. 
Pelo menos 7 mortos e 48 feridos em ataque terrorista, e o prefeito de Londres diz que 'não há razão para se alarmar!'

Em 2015, no texto "Não há almoço grátis: a hipocrisia no caso dos refugiados", abordei a questão dos refugiados, então surgindo para o cenário internacional. Disse na época – e reafirmo:

"Confesso ter dificuldade para entender o porquê de os governos europeus ficarem mais preocupados em não ser chamados (erradamente) de 'xenófobos' nas redes sociais do que em realmente cuidar dos seus povos: países existem, em regra, para agrupar nações, mas a aceitação pura e simples de massas de estrangeiros num determinado território pode fazer um país entrar em colapso, exatamente porque solapa a base da... nação."

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Se o sujeito enxerga torto o Direito dá um susto: o uso legal das Forças Armadas para combater os vândalos da nação

Fotos: Diário do Poder
A imagem acima mostra parte das "manifestações" de hoje em Brasília. Sim, o que se viu não foi protesto e sim vandalismo puro, baderna, banditismo, formação de quadrilha.

Em resposta, tendo por base a Constituição e as leis do país, foi editado um Decreto para a garantia da lei e da ordem. O artigo 142 da Constituição é claro ao definir o que cabe às Forças Armadas:

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas.

A Lei Complementar exigida pela Constituição é a 97, de 1999. Leia:

Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz, é de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais, observada a seguinte forma de subordinação:
 ..........
        § 1o Compete ao Presidente da República a decisão do emprego das Forças Armadas, por iniciativa própria ou em atendimento a pedido manifestado por quaisquer dos poderes constitucionais, por intermédio dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados.
        § 2o A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, após esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Constituição Federal.

Traduzindo: independente de ter sido solicitado ou não o uso do Exército (ou da Força Nacional de Segurança), o uso das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem é algo absolutamente normal e ocorreu várias vezes nos últimos anos. Compete a quem esteja na Presidência da República  de forma ponderada, razoável e proporcional, sendo essa pessoa amada ou odiada – determinar que as Forças Armadas atuem quando necessário. A imagem a seguir é de clareza solar:


O que falta é coragem para invocar o óbvio: o uso do Exército em muitos casos é uma imposição que a Constituição faz às autoridades no sentido de proteger os cidadãos de bem deste país. Em casos como o de hoje em Brasília trata-se de uma necessidade gritante, porque os verdadeiros trabalhadores não podem ter suas vidas aprisionadas por vândalos, que mais se assemelham a terroristas: eles são os únicos a lucrar com o quadro de ruína criado pelos bandidos que idolatram, que saquearam a nação e nos deixaram como herança maldita o caos ético-político-moral em que o país se encontra atualmente.

Mais fotos do caos provocado em Brasília por "ativistas profissionais", podem ser vistas no site Diário do Poder.

OBS: a primeira parte do título da postagem é um dos versos de "A Cerca",
de autoria de Samuel Rosa, Fernando Furtado e Chico Amaral
, gravada pelo Skank, em 1994.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Os coitadinhos

O texto a seguir foi publicado em 25 de fevereiro de 2001 no Jornal Folha de São Paulo e é de autoria de Clóvis Rossi (adaptei):

"Anestesiada e derrotada, a sociedade nem está percebendo a enorme inversão de valores em curso. Parece aceitar como normal que um grupo de criminosos estenda faixas pela cidade e nelas fale de paz. Que paz??? Não foram esses mesmos adoráveis senhores que decapitaram ou mandaram decapitar seus próprios companheiros de comunidade durante as recentes rebeliões? 

A sociedade ouve em silêncio um juiz titular de Vara de Execuções Penais  dizer que não vai resolver nada a transferência e isolamento dos líderes das facções criminosas. Digamos que não resolva. Qual é a alternativa oferecida pelo juiz? Libertá-los todos? Devolvê-los aos presídios, dos quais gerenciam livremente seus negócios e determinam quem deve viver e quem deve morrer? 

Vamos, por um momento que seja, cair na real: os presos, por mais hediondos que tenham sido seus crimes, merecem, sim, tratamento digno e humano. Mas não merecem um micrograma que seja de privilégios, entre eles o de determinar onde cada um deles fica preso.

Há um coro, embora surdo, que tenta retratar criminosos como coitadinhos, vítimas do sistema. Calma lá! Coitadinhos e vítimas do sistema, aqui, são os milhões de brasileiros que sobrevivem com salários obscenamente baixos (ou sem salário algum) e, não obstante, mantêm-se teimosamente honestos. Coitadinhos e vítimas de um sistema ineficiente, aqui, são os parentes dos abatidos pela violência, condenados à prisão perpétua que é a dor pela perda de alguém querido, ao passo que o criminoso não fica mais que 30 anos na cadeia. 

Parafraseando Millôr Fernandes: ou restaure-se a dignidade para todos – principalmente para os coitadinhos de verdade – ou nos rendamos de uma vez à Crime Incorporation."

Atual, não?

domingo, 5 de março de 2017

O direito de não gostar: conceito não é preconceito (continuação)

A primeira parte de "Conceito não é preconceito", de 2015, está aqui.

Perguntas:
1 - Todos têm o direito de não gostar de Donald Trump, Alexandre Frota, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, do cabelo da "Mendigata"? R: Sim, têm. 
Fernanda Lacerda,
a Mendigata
 
2 - Todos têm o direito de não gostar de Barack Obama, Eddie Murphy, Annita, Ludmilla e do cabelo de Cris Vianna? R: Sim, têm. 

O que boa parte da imprensa tem feito questão de esquecer hoje em dia é que é normal não gostar de alguém, até porque ninguém é obrigado a simpatizar com quem quer que sejaEu, por exemplo, gosto muito do Trump, concordo com algumas ideias (e discordo de outras) do Frota, sou apaixonado por Ivete Sangalo, morro de rir com Eddie Murphy, não suporto Claudinha, não gosto de Anitta e Ludmilla (essas moças não cantam!). Quanto ao cabelo, acho o de Cris Vianna tão lindo quanto ela e penso que o da também linda "Mendigata" a deixa horrorosa

Cris Vianna
Os problemas sobre o tema são intencionalmente criados pela imprensa, de forma seletiva, direcionada a criar polêmica mesmo: quando alguém resolve não gostar de Jean Willys, Barack Obama, do MST ou de Maju Coutinho (atual moça do tempo do JN) corre sério risco de que a gritaria generalizada troque o foco do assunto para "preconceito", "discriminação", "racismo" ou até "fascismo", quando é apenas "gosto". 

Ora, se nada disso é cogitado quando alguém detesta Alexandre Frota ou Olavo de Carvalho, por que se fala disso quando alguém não suporta Jean Willys e sua indisfarçável heterofobia, travestida de 'defesa de igualdade'? Quem não gosta do cabelo da Mendigata tem 'opinião', mas quem não gosta do cabelo de Ludmilla é 'racista'? Gabriel O Pensador apenas exerceu sua liberdade de expressão quando gravou o sucesso "Lôraburra", mas seria acusado de racismo se cantasse versos praticamente idênticos, mas cujo refrão fosse "Nêgaburra": é essa paranoia que não tem explicação!

Quem não gosta da família tradicional pode defender "novas formações familiares": isso é garantido pela democracia. Mas por que motivo é hoje tão arriscado defender a família como Deus fez? Por que motivo os defensores da "nova família" tratam toda e qualquer discordância como absurda, preconceituosa ou inaceitável? O jogo democrático é via de mão dupla e não cabe a um dos lados exercer uma pretensa superioridade moral, como faziam os black blocks e mais recentemente os vândalos de Berkeley.

Em 2015 o craque Yayá Touré* falou à France Football sobre os jogadores africanos:

"Africanos têm tendência a afrouxar. Vivem num mundo próprio. Acham que já conseguiram, que são os melhores, os mais fortes. Não entendem que existem muito mais montanhas para subir até chegar ao topo. Infelizmente, só veem o lado bom do trabalho: as garotas, as festas, os carros e as roupas. E desistem rápido demais da ideia de alcançar os melhores jogadores. Muitos estão contentes com pouco. Mandam dinheiro para casa e estão seguros pelos próximos anos. Tenho o sentimento de que se proíbem de sonhar alto, com uma resignação fatalista. Acreditam que o máximo nível não é para eles".

Trata-se da opinião dele, que não concorda com o jeito que seus conterrâneos encaram os desafios do futebol: nada demais. Mas o que aconteceria se alguém tão por dentro do futebol quanto o africano Touré – mas que fosse branco e louro como David Beckham – dissesse a mesmíssima coisa? Também não deveria haver questionamento algum, mas alguém duvida de que o mundo desabaria sobre ele, com acusações de racismo, manifestações, petições on-line, perda de contratos, "desconvites" para eventos etc? Ou será que Touré, por ser negro, tem direito de falar o que bem entender e Beckham, por ser branco, não o tem?

No artigo intitulado "Fim de Papo", Rodrigo Constantino disse:

George Orwell descreveu em “1984” o inferno que seria viver num mundo dominado pelo “Grande Irmão” (...) O que ele não poderia ter previsto é um mundo dominado não por um, mas por milhões de “pequenos irmãos”, todos atentos a cada comentário nas redes sociais, para verificar se estamos seguindo de perto a cartilha do politicamente correto. Essa patrulha demonstra um grau de intolerância com as divergências diametralmente oposto ao grau de tolerância que alega defender. Os patrulheiros falam em nome das “minorias”, desejam salvar o planeta, combatem todo tipo de preconceito e amam todos, desde que se encaixem exatamente no perfil “correto” que eles mesmos possuem. Desviou uma vírgula, fogo no herege!

Em "O Direito de Ser Incorreto", o indefectível Alexandre Garcia escreveu sobre o Brasil:

"Os governos (...) foram separando os brasileiros por cor da pele, por etnia e por preferências sexuais. Sempre pensei que todos fôssemos brasileiros.  Agora só posso bater boca com alguém que tenha a mesma cor ou os mesmos cabelos que eu, ou o mesmo peso, ou vão me acusar de preconceituoso.

Após ser virtualmente linchada e ameaçada de morte, estupro e espancamento por ter dito não ter certeza de que bicicletas seriam uma alternativa viável de transporte em São Paulo, Mônica Waldvogel publicou na Folha de São Paulo o artigo "Máxima Culpa":
Ativistas de qualquer causa estão sempre atentos e bem municiados. A barafunda de argumentos, ofensas e desqualificações com que atacam é tão avassaladora que a retratação do pecador é inócua. Tornar alguém um saco de pancadas pela maior duração possível é o modo de operar da luta política no século 21. (...) Ativistas parecem lutar por um direito intangível e inacessível: o de não serem ofendidos pela opinião dos outros. Esse é um mundo impossível. 
O que poucos têm se lembrado é que desde que a pessoa não ofenda ninguém nem incite a violência contra quem quer que seja, nenhuma lei, de nenhum país, jamais vai poder proibir as pessoas de exercerem o direito de não gostar, ainda que os ativistas mimados e desocupados não gostem disso: eles têm o direito de não gostar (o mesmo que a democracia lhes garante e que eles  se dizendo tolerantes  negam a quem deles discorda  em clara atitude de intolerância).

*Um dos africanos de maior destaque no futebol mundial nesta década,
eleito quatro vezes o melhor jogador da África, que joga no meu Manchester City.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Os que querem iluminar e os que querem iludir

O Brasil é um país conservador. Isso não é demérito algum, não é problema, nem vergonha. Embora muitos insistam em associar o binômio liberalismo econômico/conservadorismo nos costumes a atraso cultural/extremismo de direita  o que nem de longe é verdade  o fato é que o ideal conservador vem cada vez ganhando voz em nosso país, apesar da insistente ação de grande parte da imprensa e da mídia em geral, que visam impor à sociedade seus valores marxistas, que só são maioria nas redações e Projacs da vida.

Apesar disso, ainda é possível ter acesso a informação decente na internet: existem oásis de bom senso como as páginas e/ou textos de Rodrigo ConstantinoAlexandre GarciaFelipe Moura Brasil, Augusto Nunes, Janaína PachoalJoice Hasselmann, Reinaldo Azevedo, Bruna Luiza, Luciano AyanAdolfo Sachsida e outros que explicam o pensamento conservador/liberal e 'ousam' dizer verdades/obviedades como as que estão a seguir. Foram pessoas assim, sem radicalismos e sem exageros, que resistiram bravamente durante a "longa noite dos treze anos" e ajudaram a iluminar o país em sua luta para expulsar os "vendilhões do templo":


"Os países mais ricos e desenvolvidos do mundo são justamente aqueles que seguem uma tradição liberal/conservadora. (...) O liberalismo e o conservadorismo são as filosofias que garantem que o Estado irá respeitar suas escolhas e suas decisões." Adolfo Sachsida
Fake news: a imprensa odeia Trump
"Rotular o adversário: eis tudo o que sobrou para a esquerda “progressista”. Em vez de rebater seus argumentos, atacam-se suas supostas intenções malignas: “seu racista!”, “xenófobo!”, “preconceituoso!”, “islamofóbico, homofóbico!”. Eis o arsenal de “argumentos” da horda socialista que posa de moderninha e tolerante por aí, mas destila apenas ódio e preconceito. E ai de quem ousar ficar no meio do caminho. (Rodrigo Constantino)

"O cúmulo da ditadura do politicamente correto é querer desfazer a separação biológica de homem e mulher, inventando a ridícula ideologia de gênero, que o politicamente correto nocivamente leva a crianças na escola. Gênero é um só: o gênero humano. Que só existe porque há uma diferença biológica: homens e mulheres" (Alexandre Garcia)

"Quando o presidente do México diz que vai colocar como prioridade os interesses dos… mexicanos nas relações com os Estados Unidos, isso é lindo, mas quando o presidente dos Estados Unidos diz que vai colocar como prioridade os interesses… dos americanos nas relações com o mundo, isso é um “perigoso nacionalismo”? Esses idiotas sequer percebem a incoerência?! Ou percebem, mas não ligam?" (Rodrigo Constantino)

"Há uma completa inversão dos valores morais: o policial é culpado até que prove sua inocência; já o bandido é inocente como uma criança de escola (“reeducando”), justamente quando sua culpa foi provada e sentenciada nos tribunais". (Felipe Moura Brasil)
Radicalismo comum hoje em dia

Humberto Eco dizia que "as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis", o que se soma ao dito em 2011 por Nelson Jobim (adaptação nossa)"antigamente os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos. O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento.” A prova disso está nos quadrinhos ao lado. 
Nesse contexto ganha corpo o discurso fácil dos estatistas/progressistas/coletivistas, onde tanto "democracia" quanto "liberdade" são palavras que só têm sentido quando usadas por eles. Na verdade, fingindo defendê-las, querem lhes pôr fim e acham que têm o monopólio das virtudes: para eles mais ninguém no mundo presta, mais ninguém tem boas intenções, só os outros são corruptos... enfim: "o diabo são os outros". 

Como os porcos da fazenda de "A Revolução dos Bichos", esses ativistas radicais defendem o igualitarismo radical, mas se pretendem "mais iguais que os outros". Para eles, "fascista" é todo mundo que pensa diferente deles (embora essa seja uma característica marcante do fascismo, não dos divergentes), como um cara simples de se entender como Milo Yiannopoulos: se o gay é conservador/liberal não é tido como "minoria" e pode ser ofendido, caluniado e atacado por eles de todas as formas; se ousar dar uma palestra ou ser contra as cotas raciais, a rapaziada quebra tudo  em nome da paz, claro  como na Universidade de Berkeley ou na Câmara de São Paulo, quando tentaram agredir Fernando Holiday, tido como traidor do "movimento negro" por ser um negro contra as cotas raciais. E ainda contam com a falta de vergonha na cara da maior parte da imprensa para encobrir os lobos travestidos de cordeiros, chamando-os de manifestantes e rotulando os conservadores de "extremistas", "radicais", "supremacistas brancos", "xenofóbicos" e outras mentiras semelhantes. Qualquer criança alfabetizada percebe que coerência não combina com o pensamento dessa turma.

Para esses bravos  poços de moral de que são  fumar maconha seria 'direito' dos universítários; ocupar escolas com meia-dúzia de desocupados contra uma PEC (sem saber o que é PEC), impedindo ENEM e eleições seria 'liberdade de reunião'; protesto deve ser feito escondendo a cara e agredindo a Polícia (a foto abaixo mostra que, em verdade, não protestam: vandalizam); canalhas como Che Guevara e Carlos Marighella devem ser idolatrados... esses "não-inocentes úteis" defendem o fim da Polícia Militar, mas botam o rabinho entre as pernas quando os policiais, erradamente, fazem greve... E mais: acreditam que os guerrilheiros brasileiros lutavam por democracia  quando queriam mesmo era implantar um regime de orientação cubano-soviética no Brasil. Robin diria: "Santa paciência, Batman!"
Foto: Ricardo Borges/Folhapress/Implicante
O jornal inglês Daily Mail de 07/02/2017 publicou uma pesquisa feita na Alemanha: verificou-se que "92% dos ativistas vivem com os pais e um em cada três está desempregado." Como aqui percebemos não ser muito diferente*, Bruna Luiza explica:

"Numa sociedade em que os valores foram abolidos, a verdade foi relativizada, e a fé foi banida, não é de se espantar que muitos jovens vaguem perdidos buscando sentido para suas vidas." 

É por essas e outras que o economista Rodrigo Constantino define esse tipo de gente –  que não sai de sua "bolha ideológica", vive na vagabundagem e não produz nada para o país, mas "luta contra o sistema" e quer obrigar os demais a enxergar o mundo segundo seus olhos torto–  como "revolucionários Toddynho", aos quais só resta uma tentativa: iludir.


* Embora se saiba que, culturalmente, Brasil e Alemanha têm diferenças 
no tocante à idade que os filhos saem da casa de seus pais para seguirem seus destinos.


O título da postagem é um dos versos de Humberto Gessinger em "A Verdade a Ver Navios", 
lançada em 1988 no LP "Ouça o que eu digo: não ouça ninguém", dos Engenheiros do Hawaii