Por trabalhar na Justiça Eleitoral, evito citar nomes de políticos e/ou partidos políticos brasileiros (embora eu pudesse fazê-lo sem problema algum, pois sou um cidadão como outro qualquer: o Código de Ética do TRE/RJ não tem vedação nesse sentido, porque o fato de ser servidor público não retira minha liberdade de expressão).

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Turma da Boquinha em xeque (ou "Escandaloso é dizer que não houve mensalão")

 
Os 11 Ministros do Supremo Tribunal. Foto: Carlos Humberto/SCO/STF
Pode ser que os réus do mensalão - aquele escândalo de corrupção que todo mundo sabe que existiu, mas alguns fingem desconhecer - consigam se livrar do xilindró, mas não acredito que isso aconteça por "inexistência do fato" ou por "negativa de autoria", pelo menos não na maioria dos casos.

Creio que alguns consigam se dar bem por causa da prescrição ou em razão da possibilidade de substituição das penas aplicadas, mas espero de coração que o Supremo passe o Brasil a limpo e mostre aos corruptos que tudo na vida tem limite (inclusive para não saber o que acontece na própria antesala).

Há quem convenientemente se esqueça de que nunca antes na História deste país houve tanto dinheiro voando em cuecas, malas, vindo de Cuba em caixas de charuto, dossiês forjados, apreensões de dinheiro vivo, remessa ilegal para o exterior e muito mais coisas, algumas até confessadas mas estrategicamente deixadas de lado, muito pelo auxílio luxuoso da mídia "progressista", paga para aplaudir. Gente... dinheiro na cueca é vexame demais!!!

Penso que o país não pode se desencontrar de sua História: é chegada a hora de dar um 'basta' à corrupção desenfreada, não para que alguns possam roubar sozinhos - como quis Collor e, por muito menos, sofreu um impeachment - mas para que seja o começo do fim desse estorvo que atordoa o cotidiano deste país.

Misturando política e falta de vergonha na cara, alguns conseguem dizer que se trata de invenção e que mensalão mesmo só o dos outros (cadeia para todos!). Penso que a tais pessoas - que sabem que estão a mentir, mas fingem acreditar na própria mentira - falta mesmo é amor à Pátria.

Esse pessoal só tem amor à "boquinha": que se dane o país, desde que eles consigam continuar mamando nas tetas públicas. Parasitas! Corja! Dizem que defendem o povo para enganá-lo; dizem que defendem a democracia, mas a detestam; dizem que querem imprensa livre mas só consideram livre a que os bajula...

Fica a torcida para que o Supremo não rasgue mais a Constituição (como tem feito) e para que o Ministro Toffoli admita que não pode participar do julgamento. Fica a esperança de que pelo menos os cabeças do esquema levem um xeque-mate (embora o maior de todos nem réu seja).

OBS: o site G1 faz um apanhado geral do que foi o mensalão
aqui; Reinaldo Azevedo escreveu um magistral texto sobre a importância do julgamento aqui; o livro "O Chefe", de IVo Patarrra, tem um capítulo específico sobre o escândalo, que pode ser visto aqui.

7 comentários:

  1. Caro Marcelo,

    também espero que os culpados sejam punidos de acordo com a lei. Mas nao posso concordar com a generalizacao politica que se faz em relacao ao partido,a qual voce reproduz no seu penúltimo parágrafo.

    Ai se trata de uma posicao política, a qual voce compartilha com todo direito.

    O que é inaceitável é que esta posicao política (anti-petismo) paute a decisao jurídica.
    Por exemplo, como o Gilmas Mendes fez ao rotular de bandidos (voce chama de "turma da boquina")políticos do partido governista.

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    1. Não falei - como de resto nunca falo - de partido algum, Roberto (até porque na turma do mensalão há gente de vários partidos): falei de comportamentos e não citei nomes.

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    2. E minha posição política é "anti-corrupção", venha de onde vier.
      E penso que bandidos não podem se ofender por serem chamados de bandidos (não disse quem é bandido, antes que alguém se ofenda).

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  2. Veja o que eu escrevi na postagem http://marcelobessacabral.blogspot.com.br/2012/07/eu-nao-sou-dessa-laia-nao.html e o que disse no fim da entrevista que está na barra ao lado, Roberto: vale para as três esferas de governo.

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  3. Marcelo,

    só quem nao acompanha o vocabulário político do país nos últimos anos pode acreditar que voce nao se referiu a um partido. Nao é o meu caso. Voce nao falou, mas disse. Alias, como voce mesmo lembra, e um direito seu.

    A questao nao de ofensa, mas sim de atribuir concretamente e provar. E nao fazer generalizacoes e atribuicoes imprecisas, como forma covarde de tirar o corpo fora. O chilique do Gilmar Mendes foi bem neste estilo, ou nao?

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    1. Roberto, o meu estilo de escrever é esse aí de cima.
      Repito: NÃO FALEI DE PARTIDO ALGUM E SIM DA QUADRILHA (segundo a Procuradoria Geral da República) de mensaleiros. Se a carapuça cabe numa ou noutra cabeça, se o modus operandi é semelhante ao de A, B ou C, aí já não é comigo.
      No mensalão há robustas provas. O que não há - isso é verdade - é recibo assinado pelos corruptos. A não ser que tal falta seja uma "forma covarde de tirar o corpo fora", pode rolar uma condenaçãozinha sim...

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  4. Pelo pouco que eu entendo, creio nesta condenacao e torco por ela tb. Vai ser bom para a democracia, e bom tb para o partido e para o governo.

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Eu publico opiniões contrárias à minha, sem problema algum. A não ser que eu o faça expressamente, o fato de liberar um comentário não quer dizer que eu concorde com o escrito: trata-se apenas de respeito à liberdade de expressão, que muito prezo.

Então por gentileza identifique-se, não cite nomes de políticos nem de partidos políticos brasileiros, não ofenda ninguém e não faça acusações sem provas.

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