Certa vez
Humberto Gessinger disse: "o futuro se impõe; o passado não se aguenta."
Em setembro do ano passado escrevi sobre o que vem a ser crime de responsabilidade (aqui); em dezembro escrevi que o impeachment é previsto em nossas Constituições desde 1891 (aqui). Porém, o que se vê no Brasil de hoje – um país à beira da convulsão social – é que até mesmo pessoas com elevado grau de conhecimento não enxerguem a História passando à sua frente e vivem a repetir frases prontas como "impeachment é golpe", "não vai ter
golpe" e/ou o novo “impeachment sem crime de responsabilidade é golpe”. De duas uma: quem fala isso ou não sabe o que diz ou tem pleno conhecimento da
mentira, mas a usa como método (e sabemos que essa prática tem sido muito usada nos últimos anos, embora já não engane mais ninguém).
Quando a pessoa não tem discernimento para entender do que se trata é até compreensível que caia no engodo. Mas essa conversa fiada de chamar a todos de "golpistas" dizendo que se está "em defesa do estado democrático de Direito" ou "em defesa da democracia" já não cola mais. Com uma observação um pouco mais atenta percebe-se que quem assim age está em defesa de um projeto de poder, que usa a democracia para acabar com a democracia, como vimos na Venezuela. Claro: aqui, como lá, se dizem defensores dos pobres, que quem discorda é da elite, blá, blá, blá...
Se de fato defendessem a democracia, não tentariam jogar o país numa guerra civil, caso não consigam transformar nossa bandeira em vermelha. Fossem verdadeiros democratas e aceitariam a regra do jogo: quem perde a eleição tem que amargar a derrota; quem comete crime de responsabilidade tem que amargar o impeachment.
Curioso notar que aqueles que hoje se arvoram de “defensores da democracia” são os mesmos que entre 1990 e 2002 patrocinaram cerca de 50 pedidos de impeachment. Evidentemente, não foram à época chamados de golpistas, mas na "democracia reversa" deles é assim: os crimes praticados pelos companheiros são virtudes e as virtudes dos adversários são tidas como crimes, como disse o genial Reinaldo Azevedo. Criminalizaram a política, com a corrupção desenfreada e agora querem politizar a ação de quem nada mais faz do que botar bandidos na cadeia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este é um blog de opiniões.
As postagens não são a tradução da verdade: apenas refletem o pensamento do autor. Os escritos podem agradar ou desagradar a quem lê: nem Jesus Cristo agradou a todos...
Eu publico opiniões contrárias à minha, sem problema algum. A não ser que eu o faça expressamente, o fato de liberar um comentário não quer dizer que eu concorde com o escrito: trata-se apenas de respeito à liberdade de expressão, que muito prezo.
Então por gentileza identifique-se, não cite nomes de políticos nem de partidos políticos brasileiros, não ofenda ninguém e não faça acusações sem provas.
OBS: convém lembrar que a Constituição proíbe o anonimato. Assim sendo, não há direito algum para quem comenta sem assinar: eu libero ou não o comentário se achar que devo.