Por trabalhar na Justiça Eleitoral, evito citar nomes de políticos e/ou partidos políticos brasileiros (embora eu pudesse fazê-lo sem problema algum, pois sou um cidadão como outro qualquer: o Código de Ética do TRE/RJ não tem vedação nesse sentido, porque o fato de ser servidor público não retira minha liberdade de expressão).

domingo, 12 de junho de 2016

Desafinando o coro dos contentes: quem educa é a família; a escola ensina

Nem sempre levantar bandeiras é algo simples. Não basta que se trate de boa causa (elas existem aos montes por aí, desde as borboletas do Afeganistão de que falavam os Mamonas até a luta contra a estrada que atrapalha a procriação das pererecas): é preciso que o tema seja verdadeiramente relevante e de interesse público e, na maioria das vezes, tem-se que remar contra a maré. Quando o assunto a ser defendido é contrário aos interesses do marxismo cultural1, aí mesmo é que se trata de trabalho hercúleo, por ser necessário – em muitos casos – enfrentar parasitas que vivem às custas de ONG's que, paradoxalmente, vivem às custas de recursos públicos...

Inevitável notar que os jovens de hoje são intimidados para que adiram às ideias marxistas e não discordem do posicionamento de grande parte dos professores (não todos, claro!): no geral quem quer aprovação na escola, boa nota na redação do ENEM ou sobreviver aos bancos da faculdade é praticamente obrigado a rezar pela cartilha vermelha ou, no mínimo, ficar quieto. Caso contrário será tido como "fascista", "autoritário", "imperialista", "filhote da ditadura" ou coisa que o valha2, sendo considerado carta fora do baralho, como a adolescente que defendeu o capitalismo e tirou nota zero, só recebendo nota quando a mãe questionou a escola.


O movimento Escola Sem Partido visa o bem das futuras gerações, pois pretende livrá-las da doutrinação marxista nas escolasPode-se, claro, debater os pontos defendidos; mas o ideal é, sem dúvida, bom para a sociedade: não se pretende doutrinar alunos com concepção política alguma e, evidentemente, não busca "impedir o debate em sala de aula", "tolher a liberdade de expressão dos professores3" nem "questionar a transmissão dos saberes" ou vem a ser "contra a escola plural", "ameaça à possibilidade de uma argumentação aberta e franca" em sala de aula ou "um ataque à educação como um todo", como dizem seus detratores, que estranhamente defendem que "a escola deve estimular o aluno a tomar partido" (desde que seja o deles, claro!).

Curiosamente a Constituição prevê não só que a educação visa o exercício da cidadania  algo sempre citado pelos marxistas  mas também que deve haver pluralidade de idéias no ensino e participação da sociedade (não está escrito "ONG's", "movimentos sociais" nem "coletivos"), o que os camaradas caprichosamente deixam de lado. Veja que maldade:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

Em texto bastante lúcido publicado no site Diário do Poder, Percival Puggina trata a questão do ensino no Brasil como um "assalto à inteligência" e elogia o ESP:


"De um lado, atuam grupos sociais espontaneamente organizados, dependentes apenas do idealismo e do civismo de seus membros. Mobilizam-se contra o uso político, ideológico e partidário do sistema de ensino. (...)  No outro lado desse confronto estão os que, ao longo de sete décadas, numa continuada ação de pirataria intelectual, se foram apropriando dos instrumentos essenciais do ensino em nosso país."
No ano passado fui convidado pela escola dos meus filhos para falar durante a "formatura" do jardim de infância, por ter sido aluno da escola entre 1977 e 1981. Basicamente eu disse que as famílias erram quando deixam para a escola sua tarefa de educar as crianças e que é por isso que vemos tantas maluquices na área da educação: se o patrono da educação nacional é um ativista como Paulo Freire, boa coisa não podemos esperar. Fosse eu o Presidente da República e um dos meus primeiros atos seria mudar o nome do Ministério da Educação para "Ministério do Ensino", porque o governo não tem que educar as pessoas: essa tarefa compete às famílias (ao governo compete o ensino)

A parte inicial do nome da postagem é um dos versos de Torquato Neto e Jards Macalé em "Let's Play That", gravada pelo último em 1972.

1 - Marxistas vivem a arrotar superioridade moral e intelectual, sempre exigindo tolerância às suas idéias, mas nunca tolerando qualquer discordância. Experimente dizer-lhes a verdade (por exemplo: que Paulo Freire não atuava, em verdade, como  pedagogo que era e sim como ativista político, que usava a luta de classes da tal "Pedagogia do Oprimido" visando implantar uma silenciosa revolução socialista)... 

2 - Por isso é tão difícil dizer aos gramscianos - metidos a democratas como ninguém - que nada há de mais fascista no mundo do que... o pensamento gramsciano!!!


3 - No exercício profissional o professor tem assegurada pela Constituição a liberdade de cátedra, com a liberdade de expressão tomando lugar secundário, genérico: o professor entra em sala para dar aula, não para falar do que bem entende (por isso que há um programa a ser seguido). Exemplo disso ocorreu no ano passado em Almirante Tamandaré-PR, quando um professor cobrou dos alunos em prova posicionamento favorável à greve dos professores e hostil a seus adversários políticos e ideológicos. 

2 comentários:

  1. É válido desde o momento em que não limite os debates em sala de aula. Como estamos no Brasil, dificilmente isso vai adiante. Se for, os alunos ficarão limitados aos debates sim.

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    1. Não, não se pretende limitar os debates em sala.
      O que limita o debate é a atitude dos professores marxistas: ou se escreve o que eles querem ou se garante uma nota zero.

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As postagens não são a tradução da verdade: apenas refletem o pensamento do autor. Os escritos podem agradar ou desagradar a quem lê: nem Jesus Cristo agradou a todos...

Eu publico opiniões contrárias à minha, sem problema algum. A não ser que eu o faça expressamente, o fato de liberar um comentário não quer dizer que eu concorde com o escrito: trata-se apenas de respeito à liberdade de expressão, que muito prezo.

Então por gentileza identifique-se, não cite nomes de políticos nem de partidos políticos brasileiros, não ofenda ninguém e não faça acusações sem provas.

OBS: convém lembrar que a Constituição proíbe o anonimato. Assim sendo, não há direito algum para quem comenta sem assinar: eu libero ou não o comentário se achar que devo.